quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

COGUMELOS I

Vou fazer essa postagem em duas etapas porque achei muito interessante essa vivência que estamos tendo em relação aos cogumelos e uma postagem só ficaria muito grande.

Eu e Cristina íamos a Mauá, conhecer dois produtores para a Rede Ecológica. Comprei o pacote da pousada mas a chuva foi me fazendo adiar a ida. De repente, na sexta-feira da semana passada, soube que Mariana estava indo para Mauá. Falei com ela dos cogumelos, dei os contatos do produtor para que fosse ao encontro dele e pedi que fizesse um relatório para enviar à Rede e agilizar o processo.
Na segunda fui pegar os cogumelos que trouxe pra mim. Eu havia visto eles em fotos e adorei mais ainda vê-los ao vivo e à cores.
Cheguei em casa meu filho estava preparando algo para jantar, então fui procurar uma receita para provarmos como salada o Shimeji branco, o Sajor-caju e o Hiratake rosa que vieram na bandeja.
Eu, que só conhecia o shitake e o champignhom, fiquei maravilhada com a variedade que vi no Mercat St Josep - La Boqueria, em Barcelona (Que saudades!!!), mas fiquei "boiando". Agora vou aprender mais sobre eles e quando voltar poderei apreciar com outros olhos.

Vamos conhecer um pouco do processo e dos nossos produtores, que são o Márcio Guimarães (agrônomo) e Toninho Benevente (técnico), do Sitio Paraná em Visconde de Mauá – RJ. Eles produzem os cogumelos: shimeji branco, hiratakes rosa e amarelo, sajor-caju, carapicu e coralino.

Hiratake amarelo

Carapicú. Sabor que se assemelha ao da batata cozida

Coralino. Levemente picante

REISHI OU COGUMELO DO IMPERADOR
Aqui estão as impressões de Mariana: "Em uma visita de mais de duas horas, pude conhecer não apenas todo o processo de produção dos cogumelos, como o histórico dessa sociedade e pude perceber que estava sendo recebida por dois homens com muito conhecimento sobre a atividade que desenvolvem e também com ideais. Márcio e Toninho estão sempre buscando soluções para aperfeiçoar a produção e introduzir novas espécies, que em breve passarão de seis para onze, entre elas, o shitake. Para fazer frente aos grandes produtores de São Paulo sem perder em qualidade e preço, experimentam técnicas de cultivo de cogumelos raros e com valor medicinal, além de desenvolverem máquinas, ferramentas e técnicas capazes de substituir equipamentos de alto custo. Percebi no Sítio Paraná muitos dos valores presentes nos nossos processos, em especial o respeito ao ambiente e a solidariedade."
É feito um orifício no composto ensacado e prensado para introdução dos esporos.









 Os sacos são marcados por espécie de cogumelo e lote.


Ponto de transferência -saco fica branco










Eles deram como sugestões de consumo: "cozido, refogado ou assado, com azeite ou manteiga, temperado com alho e sal. Puro, como entrada ou prato principal, acompanhando saladas ou carnes, em risotos, massas, saladas, caldos, omeletes, recheio de quibe, pastéis, etc."



Em COGUMELOS II vocês encontram a receita que fiz.

COGUMELOS II

Shimeji Branco
Sajor-caju

Hiratake Rosa
Na entrada dos cogumelos na Rede, surgiu a discussão sobre a embalagem porque eles vêm no isopor e nós, não queremos usá-lo nem descartá-lo. Toda discussão nossa é sempre muito rica. Aprendemos muito e essa não fugiu a regra.
Pensamos em reaproveitar mas Cristina concluiu nos chamando a atenção para o seguinte:
"Tenham muito cuidado com reutilização de embalagem de isopor. Eu não compraria cogumelos em embalagem reciclada de isopor. Não há como garantir a limpeza e a desinfecção devido a porosidade do material. Imagine só, a embalagem pode absorver produtos químicos, pode ficar exposta a ratos, baratas, gatos e outros animais. As embalagens em PET, transparentes como as de tomatinho são adequadas para higienização e podem ser mais seguramente recicladas.  As embalagens de ovos feitas de isopor não devem ser usadas por crianças em trabalhos manuais, pois podem estar contaminadas com Salmonellas e outras bactérias fecais. Abraços"

 
COGUMELOS SALTEADOS* COM ORÉGANO E PIMENTA DE MACACO

Ingredientes
azeite
cebola
cogumelos shimeji branco, hiratake rosa e sajor-caju
pasta de alho e sal
orégano
pimenta de macaco
cheiro-verde

Preparo
Unte a frigideira com o azeite. Coloque a cebola fatiada, doure um pouco e acrescente os cogumelo
lavados e picados. Ele vai criar água, mexa por uns minutos, coloque o orégano, a pimenta e mexa mais
um pouco até secar um pouco. Desligue o fogo e coloque o cheiro-verde picado.

A receita acima foi a primeira que fiz. Depois resolvi experimentar ele mais puro, para saborear mais seu sabor original. Então só lavei, piquei e dei uma salteada neles na manteiga.

* OBS: Fiquei na dúvida se deveria colocar refogar, fritar, saltear e pesquisando encontrei que o salteado pode considerar-se um caso particular de fritura (há autores que lhe chamam «pequena fritura). A principal diferença entre as duas modalidades reside na porção de gordura utilizada, cujo volume, no caso do salteado, é bastante inferior ao do alimento a cozinhar.

Fonte
http://www.prof2000.pt/users/secjeste/culinari/cursobasico/Salteado.htm 

domingo, 20 de janeiro de 2013

MANGAS E GOIABAS

  Nesse mês de janeiro começou um papo na Rede sobre mangas.

Cristina nos presenteou com o seguinte texto:

“Frutas tropicais
Com o coração apertado, joguei na nossa composteira  bacias e mais bacias de mangas e jambos e ainda tenho o chão forrado de acerolas. Também as carambolas já começam a amadurecer (e a cair). Duas bacias e um balde de mangas (cerca de 30 quilos) foram hoje para a rua onde terão chances de serem levadas por passantes. Na semana passada deu muito certo e logo desapareceram. Uma caixa de transporte cheia de mangas, aguarda que eu forme sacolas para levar para os amigos e para a casa de recuperação. Nem menciono as empregadas que levam tudo o quanto suas famílias podem consumir.
Ao mesmo tempo, amadureceram mangas, jambos, jabuticabas e acerolas. Uma profusão de frutas tropicais que jamais conseguiríamos chegar perto de consumir. Manga dura bastante e pode ser congelada. Jambo é melhor comer na hora, mas com boa vontade dura mais um dia, no máximo. Jabuticaba, na geladeira se consegue 48 horas de validade, mais do que isso começa a ficar fermentada. A polpa dá trabalho mas compensa no final.
Como escoar frutas tão perecíveis ???
Como aproveitar essas frutas que a natureza nos proporciona???
Cachorros gostam de manga. Galinhas também e ainda bicam o jambo e a jabutica, mas não parecem gostar de acerola. Os morcegos aproveitam bastante e também os passarinhos cuja comunidade só faz aumentar.
Tenho o freezer recheado de saquinhos com manga e jabuticaba que me levarão folgadamente até a próxima safra. A natureza é tão generosa, mas é uma pena que algumas  frutas tropicais tenham tão pouco tempo de validade e sejam, por isso, de tão complicada comercialização. “

Miriam
comentou:”Fica o desafio. Quem sabe conseguimos contribuir para auxiliar Cristina no escoamento? Esta certamente é a situação de muitos sítios. No caso do jambo, fruta que nunca conseguimos, que tal pensar em um jovem pago para recolher, e mandar para nossa Rede? Outra possibilidade é fazer polpa de jambo!”

Ana respondeu:
"Queridos da Rede,
Também me sinto em sintonia com o relato da Cristina.  Moro em um condomínio que está com o chão das ruas repleto de mangas e carambolas.  Alguns moradores reclamam do transtorno de ter as mangas sujando seus quintais, tomara que não reclamem de fome em futuro próximo....
Hoje acordei cedo e fui catar as mangas do chão das ruas, aproveitando o frescor da noite. Catei as que estavam em bom estado, e como já tenho muitas mangas em casa, levei tudo para a Aldeia de ìndios Guaranis nas proximidades.  Minha mente é plena de agricultura urbana e logo penso em organizar um trabalho com pessoas que tenham interesse em pegar as frutas, aproveitando na própria alimentação e também como fonte de recursos com a venda das preciosidades que vem das árvores. Pensei em oferecer para a Rede ou para lojas de produtos naturais das proximidades. Se pensar é onde tudo começa, então já está começado, vamos todos pensando juntos que esta realidade ganha vida nova em 2013... Oxalá..."

Entrei então no circuito:
Ana,
Pena que eu esteja de férias, senão ia pedir pra vc deixar umas pra mim no trabalho. Estou me deliciando com as mangas que os amigos têm me dado porque só como frutas orgânicas, então já viu a carência em que fico... rsrs Será que não dava para combinarmos algo? 


Liguei para Ana mas não conseguimos nos encontrar. Por um lado foi bom porque meu marido foi ao nosso terreno e veio com uma bolsa enooorme abarrotada de mangas. Minha vizinha disse que não queria pois sua mangueira carlotinha está carregada também. Nossa mangueira, que no ano passado deu duas manguinhas, esse ano carregou mas só essa semana soubemos porque antes meu irmão estava morando lá.


Hoje, na entrega, levei uma sacola para distribuir com o pessoal. Enquanto estava lá as mangas caíam em quantidade e eu corria para pegá-las, essas são espadas e deliciosas, doces como mel!

Eu, que ficava me perguntando porque tanta manga esse ano, fui agraciada com o último relato esclarecedor de Ana.

"Queridas e Queridos,
Enquanto escrevo, vejo pela janela uma vizinha catando mangas no seu quintal, engraçado isto!!!
Sobre esta generosa safra de mangas tenho avaliado que é fruto da seca que estamos tendo nos últimos tempos. Na época  da florada das mangueiras se tivéssemos tido um tempo chuvoso as flores não haveriam evoluído para os frutos, sofreriam com fungos e esta maravilha de safra não haveria acontecido em todos os cantos de nossa região.  Podemos observar a perfeição divina em tudo, e que tudo tem dois lados, mesmo a seca que em alguns momentos nos trazem preocupações também nos ofertam este momento de fartura e que tem repercutido nos despertando para o tanto que podemos produzir em nossos Quintais.  Vejo isto reverberando na vizinhança, é um despertar. 
Gratidão Mangueiras, Gratidão tempo seco, sempre gratidão.

Finalmente Cristina nos presenteia com essa maravilha de receita!

BOLO DE MANGA
Foi assim que fiz:
Dei uma volta pelo jardim e catei mangas que caíram com a chuva. Eram tantas...
Preparei um suco para o café da manhã e pensei em aproveitar as demais para fazer alguma coisa para a gente comer no mutirão. Olhei na internet e vi que dava para fazer bolo de manga. Resolvi fazer a minha receita de bolo de laranja, apenas substituindo o suco de laranja, pelo suco de manga. Ficou lindo e bem amarelinho

Ingredientes
1 xíc de suco de manga batida no liquidificador (bem grossinho)
2 ovos inteiros e mais a clara de 1 ovo.
4 colh de sopa de manteiga.
1 xíc de açúcar (quem gosta de bolo bem doce pode adicionar mais ½ xícara de açúcar).
2 ½ xíc de farinha de trigo peneirada.
1 colh de sopa bem cheia de fermento em pó.
½ xíc de leite para dissolver o fermento.

Preparo
Bater o açúcar, a manteiga e os ovos até ficar bem cremoso. Adicionar o suco de manga e a farinha de trigo.
Bater bem. Ligar o forno. Preparar o tabuleiro bem untado e salpicado com farinha de trigo. Dissolver o fermento no leite e deixar crescer. Incorporar o fermento na massa, misturando delicadamente. Despejar a massa na forma. Assar por mais ou menos 30 minutos (verificar com o palito, o ponto de assado do bolo).

Cobertura: preparar uma cobertura com mangas bem picadinhas e açúcar. Levar ao fogo para dissolver o açúcar e depois de frio, enfeitar o bolo com esse doce.

GRATIDÃO ÀS MANGAS, À CRISTINA E À ANA!!!

Pois é, eu também precisava dar um destino a tanta manga, já tendo distribuído para meu irmão, minha sogra, zelador, amigos e amigos do meu marido. Minha casa exala manga! Chupo, chupo e ela não acaba!
Como
também tinha goiaba além do que conseguimos comer, resolvi então fazer sacolé.

SACOLÉ

Ingredientes
manga ou goiaba
açúcar

Preparo
Mangas - Colocar os pedaços descascados no liquidificador, fazer um suco bem grosso, colocar açúcar de forma que o suco fique bem docinho e passar na peneira para retirar os fiapos.


Goiabas - Descascar, tirar os caroços e umas e deixar de outras (porque acho que os caroços têm mais sabor mas tem que ter cuidado para não correr o risco de liquidificar algum bichinho). Pulsar e bater pouco para não triturar muito os caroços. Fazer o resto como o de manga.

Depois colocar nos saquinhos, deixando uns 4 dedos vazio para poder dar o nó e colocar no congelador.

sábado, 12 de janeiro de 2013

CARURU

Desde o início de dezembro não postava nenhuma receita pois na última não consegui inserir foto. Estava dando um problema. Hoje, sem que eu fizesse nada, a foto entrou.

Na véspera de Natal, recebi essa mensagem de Simone pelo Facebook.
Rosangela, que nosso Blog nos traga, cada vez mais, muitas bençãos culinárias como esta que compartilho.
Estar na Rede Ecológica tem sido um canal direto com minha memória de menina.
Assim, esta semana recebi como presente de Natal o caruru, lembrança querida de meu pai que sempre nos contava que sua mãe o mandava buscá-lo no mato para as refeições da família. No entanto, ele nunca nos disse de que forma comiam. Tive que pesquisar! Abaixo o que encontrei.
Feliz Natal!


OBS: Na realidade Simone não mandou uma receita específica e também não a achei na internet.

ABENÇOADO CARURU, DA FLORA AO RECHEIO

Quem vê essas plantinhas, delicadas e graciosas, não imagina que as suas folhas, são usadas em chás caseiros, na fitoterapia e nos tratamentos promovidos pelos índios e pelos escravos, que nas senzalas lançavam mão do poder das ervas. Tratavam os males do corpo, uma vez que não dispunham de medicamentos, e sim do conhecimento oriundo das aldeias, e do saber respeitoso dos mais velhos.

Também usada na culinária das nossas avós e mães, a folha de caruru, conhecida em uma de suas formas como vinagreira, segundo minha avó dizia, é rica em vitamina C. Lembrando que a vitamina C não resiste ao calor do cozimento. 

O caruru verdadeiro, flor de amor, flor de ciúme ou bredo macho, que é este acima, tem suas folhas comestíveis e podem ser consumidas como o espinafre. É parente do amaranto.

Na culinária das minhas avós, suas folhas batidinhas, refogadas, ou como saladas, são acompanhamento nas refeições, principalmente de carnes pois, segundo relatos de família, é um poderoso adstringente e tônico estomacal, assim como o louro.
Atualmente o caruru comestível é utilizado em pratos até sofisticados, como no quiche de caruru, que consta de alguns menus (aqui no Blog nós temos receita da massa de quiche http://ecosdarede-receitasecologicas.blogspot.com.br/search/label/Quiche).
Incluído no recheio do acarajé, pode ser servido de várias maneiras, inclusive à La Carte.
Seu sabor é sem dúvida bem peculiar e sua consistência é a de um ensopado encorpado, o que para os que não são apreciadores, conta muito na hora da degustação.

Precisa-se somente ser conhecedor dos segredos de preparo deste prato, pois assim como o VATAPÁ, manda a tradição, que "começou tem de terminar", ou seja, quem começa tem que ir até o final do preparo, não devendo outra pessoa tocar no CARURU até que esteja pronto.
No Brasil, foi incluído ao seu refogado, o amendoim, salgado e torrado, pois acentua bastante o seu teor energético. É considerado por muitos, uma comida forte e de alta sustentabilidade para quem o consome.



Todas as partes do caruru são comestíveis. As microssementes, bem escuras, são potentes: têm a mesma quantidade de proteína dos grãos de quinoa. Transformadas em farinha, podem ser usadas em pães ou ingeridas torradas.

Fonte
http://blogln.ning.com/profiles/blogs/abencoado-caruru-da-flora-ao?xg_source=facebookshare
http://blogln.ning.com/profiles/blogs/iguarias-da-terra-brasil