terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Vinagreira - Parte II

No interior de Maranhão é a hortaliça de folha mais consumida, base do típico arroz de cuxá. É também obrigatória no mercado do Ver-o-peso, vitrine dos produtos da Amazônia.
No Sudeste, é encontrada nos quintais, aproveitando-se os cálices florais, que cobrem o seus frutos, para fazer “groselha”, nome aplicado também para designar a planta, ainda que botanicamente ele seja incorreto. Os japoneses fazem dos cálices um saboroso picles lático, salgado, a que chamam “umê”. Os alemães, que de tudo fazem geléia, preparam uma geléia especialmente saborosa, acidulada, e chamam a planta de rosela.
Os ingleses, na mania do chá e andanças pelo mundo, descobriram no Oriente que tanto as flores como os cálices dão um quê especial ao chá. E assim disseminaram pelo Norte da Europa o gosto pelo “hibuscus tea”.
Nessa história, talvez o papel que caiba a nós brasileiros seja o de juntar essas partes soltas, e dar ao todo um toque especial de brasilidade. No nosso trabalho de investigação no Instituto Agronômico do Paraná, fomos aprendendo ao longo dos anos que as sementes dessa pequena maravilha servem ainda para a alimentação de aves, e constatamos que suas folhas estão em ponto de colheita justamente no verão, quando a maior parte das outras folhosas entra em colapso pelo calor.
A vinagreira merece um lugar de destaque nas hortas escolares.
Nas hortas domésticas, face à sua versatilidade, é presença quase obrigatória no verão: geléia para o café da manhã, picles para acompanhar o almoço, suco refrescante para o calor da tarde, folhas refogadas numa reconfortante sopa para o jantar e chá aromático para a prosa no sombreado.

Consumo

As folhas tenras, cruas, podem ser preparadas em saladas, picadas, finamente refogadas como couve. Tempera-se geralmente com sal e óleo. As folhas tenras picadas também são utilizadas para realçar saladas de outras folhas, como almeirão, alface, couve e repolho.
As folhas mais maduras são consumidas cozidas, em refogados, guisados, sopas, molhos e cremes, aos quais conferem um agradável sabor acidulado. Para o arroz de cuxá do Maranhão, as folhas, depois de escaldadas, são finamente picadas, reduzindo-se a uma massa. Essa massa, temperada com gergelim, camarão seco, alfavaca e sal é o cuxá, que se consome com arroz branco.
Dos cálices, vermelhos, muito atraentes, prepara-se picles lático. Uma camada de cálices é seguida por fina camada de sal, seguida por sua vez por outra camada de cálices e assim por diante, colocando-se um peso sobre a última camada para comprimir a massa. Algumas senhoras japonesas preferem pré-secar os cálices ao sol, antes de adicionar o sal. Consome-se esse picles, o umê, com arroz ou outros alimentos de consumo usual no país, como o essencial arroz-feijão.

Para o suco ou geleia, o mais simples é cozinhar os cálices com a quantidade desejada de açúcar até que amoleçam e desmanchem em pedaços pequenos. Está pronta a geleia. O suco pode ser preparado adicionando-se água à geleia e batendo no liquidificador. Bom apetite.

Nenhum comentário:

Postar um comentário